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segunda-feira, 9 de novembro de 2015

The Economist elege Jean Wyllys uma das 50 maiores personalidades da diversidade no mundo






The Economist elege Jean Wyllys uma das 50 maiores personalidades da diversidade no mundo
  
"Aceita que é pra poucos a cara no sol!"
+Mais amor por favor! Conheça a história do casal gay que alojou 24 refugiados

Ao lado de figuras como Barack e Michelle Obama, Malala Yousufzai, Hillary Clinton, Angelina Jolie, Caitlyn Jenner e Bill Gates, o parlamentar integra a Global Diversity List na categoria pessoas públicas.

O deputado federal Jean Wyllys (Psol-RJ) foi eleito pela revista britânica The Economist como uma das 50 maiores personalidades da diversidade no mundo.

Ao lado de figuras como Barack e Michelle Obama, Malala Yousufzai, Hillary Clinton, Angelina Jolie, Caitlyn Jenner e Bill Gates, Jean integra a Global Diversity List na categoria "pessoas públicas". Também está na lista a brasileira Maria Aparecida da Silva Bento, doutora em Psicologia Social e diretora executiva do Centro de Estudos das Relações de Trabalho e Desigualdades (CEERT).
+Marcha para Satanás - Evento que satiriza bancada evangélica já tem mais de 10 mil confirmados

A publicação descreve o deputado como o "ativista da causa gay que ganhou o Big Brother Brasil e agora comanda a primeira plataforma eleitoral do país pelos direitos gay". "O acadêmico gay, nascido na pobreza , já tinha conquistado um cargo de professor quando entrou para o show [BBB] e cinco anos mais tarde se tornou o primeiro deputado federal a fazer campanha para o movimento LGBT", informa a lista.

 "Wyllys é membro do Partido Socialismo e Liberdade, que defende maiores investimentos em saúde, educação e ação em favor das comunidades marginalizadas", completa.
 
Em sua página oficial no Facebook, Wyllys celebrou a citação. "Devo esse reconhecimento do meu trabalho a vocês, meus eleitores e minhas eleitoras, seguidores/as, assessores/as, colaboradores/as, companheiros e companheiras do Psol e da militância! Obrigado por estarem junto comigo nesta caminhada!", escreveu.


Ele não é o único brasileiro na lista!!
 
Também incluída na lista da “Economist”, Maria Aparecida da Silva Bento é descrita pela publicação como fundadora de centro que trabalha pelo reconhecimento do racismo e pela igualdade de oportunidade junto a sindicatos, governo e empregadores. A revista aponta que ela usa como estratégia expor casos de discriminação em busca de reforma nas políticas públicas.

sábado, 3 de outubro de 2015

Em iniciativa inédita, doze agências da ONU lançam declaração a favor dos direitos LGBT.




Apelo conjunto
Em iniciativa inédita, doze agências da ONU lançam declaração a favor dos direitos LGBT.


Em uma iniciativa inédita, 12 agências da Organização das Nações Unidas (ONU) fizeram, nessa terça-feira (29), um apelo conjunto para acabar com a violência e discriminação contra jovens, adolescentes e adultos LGBT.
“Esta é a primeira vez que tantos membros da família das Nações Unidas uniram forças em defesa dos direitos fundamentais das pessoas lésbicas, gays, bissexuais, transgêneros e pessoas intersex”, ressaltou, em nota, o chefe de Assuntos Globais do Escritório de Direitos Humanos das Nações Unidas, Charles Radcliffe.
“É tanto uma expressão de compromisso por parte das agências da ONU quanto um poderoso chamado à ação aos governos de todo o mundo para fazer mais no combate à violência homofóbica e transfóbica e no combate à discriminação e aos abusos contra pessoas intersex”, acrescentou.
A declaração destaca o elo entre abusos dos direitos humanos contra pessoas LGBT e problemas de saúde, rupturas familiares, exclusão social e econômica e oportunidades perdidas para o desenvolvimento e o crescimento econômico.
O texto estabelece medidas específicas que os governos devem tomar para coibir a violência e proteger os indivíduos de discriminação. Entre elas estão ações para melhorar a investigação e o comunicação de crimes de ódio, tortura e maus-tratos, proibir a discriminação e rever e revogar todas as leis usadas para prender, punir ou discriminar pessoas com base em sua orientação sexual e identidade ou expressão de gênero.
“A violência e a discriminação contra as pessoas com base na orientação sexual, identidade de gênero e características sexuais biológicas violam os direitos humanos e empobrecem comunidades inteiras. É por isso que as agências das Nações Unidas que trabalham em uma ampla gama de áreas – saúde, educação, emprego, desenvolvimento, direitos das crianças, igualdade de gênero, segurança alimentar e refugiados – se uniram para estimular a mudança”, disse Radcliffe.
“Embora o simbolismo disto seja importante, as recomendações práticas que apresentamos são ainda mais importantes. Esperamos que esta declaração possa fornecer um modelo para os governos, bem como para as equipes da ONU em países ao redor do mundo”, completou.
A declaração conjunta da ONU Dar Fim à Violência e à Discriminação contra Pessoas Lésbicas, Gays, Bissexuais, Travestis e Transexuais foi endossada pelas seguintes agências da ONU: Organização Internacional do Trabalho (OIT), Escritório do Alto Comissariado das Nações Unidas para os Direitos Humanos (ACNUDH), Programa Conjunto das Nações Unidas sobre HIV/Aids (Unaids), Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (Pnud), Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco ), Fundo de População das Nações Unidas (Unfpa), Alto Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados (Acnur), o Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef), Escritório das Nações Unidas sobre Drogas e Crime (Unodc ), ONU Mulheres, Programa Mundial de Alimentos (PMA) e Organização Mundial da Saúde (OMS).
Fonte:Mundo Mais

sexta-feira, 25 de setembro de 2015

Comissão aprova Estatuto da Família com conceito que exclui casais homoafetivos


A Comissão Especial sobre Estatuto da Família (PL 6.583/13) aprovou hoje (24), por 17 votos a 5, o parecer do relator, deputado Diego Garcia (PHS-PR). O texto segue agora para o plenário da Câmara, com a polêmica sobre o conceito de família, que restringe as prerrogativas às famílias tradicionais, excluindo do texto os casais homoafetivos.
Para os deputados, conceito de família exclui casais homossexuais. (AE)Para os deputados, conceito de família exclui casais homossexuais. (AE)
Durante a sessão, os deputados contrários à proposta, entre eles parlamentares do PT, PcdoB e PTN, tentaram adiar a votação, apresentando uma série de requerimentos. Todos foram derrubados. O deputado Bacelar (PTN-BA) alertou que a Constituição não tem qualquer vedação a classificar uniões homoafetivas como família. 
“Na sociedade, temos inúmeros arranjos de união que levam ao conceito de família. O que será de milhares de crianças e adolescentes brasileiros que não terão seus direitos assegurados?”, questionou.
Bacelar destacou ainda trecho do relatório que afirma que o afeto não pode ser considerado elemento construtivo de uma relação ou para constituição de família. “O afeto está na base da relação humana. É fundamental na construção de uma sociedade.”
Na mesma linha, a deputada Erika Kokay (PT-DF) tentou convencer outros parlamentares a debater mais a matéria. “A quem interessa o relatório se não interessa às famílias excluídas e heterossexuais. Ele só interessa ao fundamentalismo religioso”, afirmou.
Comemorando o resultado, o deputado Diego Garcia disse que o relatório cumpre uma tarefa prevista na Constituição de 1988 e negou qualquer iniciativa homofóbica no texto. “O relatório trata da família-base da sociedade, da família que está esperando desde a promulgação da Constituição uma lei infraconstitucional que a proteja e que traga os principios constitucionais dentro de uma lei ordinária.”.
Segundo Garcia, os parlamentares que o acusaram de homofobia não leram sequer o voto. No parecer, o relator mencionou a necessidade de criação de um artigo no Código Civil para contemplar direitos de todos os tipos de união que não estejam enquadradas no conceito definido pela Constituição Federal.
“Acusar, qualquer pessoa pode. Agora, basta que elas façam a leitura do texto. Não se ativeram nem mesmo a ler o parecer. Em nenhum momento, trago ataque contra homossexuais. Como parlamentar, serei sempre o primeiro a defender os homossexuais e a lutar contra a homofobia”, acrescentou.


https://br.noticias.yahoo.com/comiss%C3%A3o-aprova-estatuto-da-fam%C3%ADlia-com-conceito-que-exclui-casais-homoafetivos-201728317.html

terça-feira, 25 de agosto de 2015

Anti LGBTs Cunha usou Assembleia de Deus para receber propina, diz Janot

20 agosto 2015 

Empresas do delator Júlio Camargo foram usadas para fazer repasses de R$ 250 mil para a igreja que apoia o presidente da Câmara como forma de quitar parte da propina, segundo a denúncia da Procuradoria-Geral da República

cunhaassembleia

O procurador-geral da República Rodrigo Janot acusa o deputado Eduardo Cunha de indicar a Igreja Evangélica Assembleia de Deus para receber parte da propina de ao menos US$ 5 milhões destinada a ele referente aos contratos para viabilizar a construção de dois navios-sonda usados pela Petrobrás. Parte dos repasses foram divulgados pelo Estado no mês passado.
Segundo a denúncia contra o presidente da Câmara apresentada nesta quinta-feira, o lobista e delator da Lava Jato Júlio Camargo foi procurado em 2012 por Fernando Soares, que operava a propina para o PMDB na estatal, e lhe indicou que ele “deveria realizar o pagamento desses valores à Igreja Evangélica Assembleia de Deus”, assinala a denúncia. O nome da igreja no registro da Receita Federal corresponde à Igreja Evangélica Assembleia de Deus, ministério Madureira, em Campinas (SP).
“Segundo Fernando Soares, pessoas dessa igreja iriam entrar em contato com o declarante, o que realmente ocorreu”, segue o procurador-geral da República. A partir de então, foram feitas duas transferências em agosto de 2012 das empresas de Júlio Camargo, Piemonte e Treviso, no valor de R$ 125 mil cada que tiveram como destino uma filial da Assembleia de Deus Ministério Madureira em Campinas “ambas com a falsa justificativa de pagamento a fornecedores”, segue Janot na denúncia.
O procurador-geral afirma que “não há dúvidas de que referidas transferências foram feitas por indicação de Eduardo Cunha para pagamento de parte do valor residual da propina referente às sondas”. A denúncia ainda ressalta que Júlio Camargo nunca frequentou a igreja evangélica e “professa a religião católica”, além de nunca ter feito doações para a Assembleia de Deus antes deste episódio.
A PRIMEIRA PARTE DA DENÚNCIA CONTRA O PRESIDENTE DA CÂMARA
A SEGUNDA PARTE DA DENÚNCIA CONTRA EDUARDO CUNHA
Culto. Em fevereiro deste ano, Cunha chegou a participar de um culto de mais de duas horas em comemoração a sua eleição para a Presidência da Câmara junto com outros políticos na Assembleia de Deus Madureira, no Rio de Janeiro. Na ocasião ele declarou ter trocado a Igreja Sara Nossa Terra pela Assembleia de Deus Madureira. A bancada evangélica foi uma das que mais apoiou Cunha na eleição para a Presidência da Câmara.
TRECHO DE RELATÓRIO MOSTRA REPASSE DA EMPRESA DE JULIO À ASSEMBLEIA DE DEUS
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O presidente da Assembleia de Deus Madureira no Rio, pastor Abner Ferreira, contemplou o presidente da Câmara no culto. “O Satanás teve que recolher cada uma das ferramentas preparadas contra nós. Nosso irmão em Cristo é o terceiro homem mais importante da República”, disse o religioso na época. Abner Ferreira é irmão do pastor Samuel Ferreira, que preside a Assembleia de Deus no Brás, em São Paulo, e aparece no registro da Receita Federal como presidente da Assembleia de Deus Madureira em Campinas, que recebeu os R$ 250 mil das empresas de Júlio Camargo.
Na denúncia apresentada nesta quinta, Janot acusa o presidente da Câmara de ter recebido propina no valor de ao menos US$ 5 milhões para viabilizar a construção de dois navios-sondas da Petrobras, no período entre junho de 2006 e outubro de 2012. A denúncia destrincha a complexa rede de empresas de fachada e offshores utilizada por Júlio Camargo, Fernando Soares e o ex-diretor de Internacional da Petrobrás Nestor Cerveró para receber um total de US$ 40 milhões de propinas movimentadas no exterior e no Brasil, inclusive por meio da igreja evangélica.
Em nota divulgada nesta noite, Cunha afirmou ser inocente e disse refutar “com veemência” o que ele chamou de “ilações” da Procuradoria-Geral da República. A assessoria de imprensa do pastor Samuel Ferreira ainda não retornou aos contatos da reportagem. Contatado pela reportagem no mês passado para comentar os repasses, o religioso não quis falar sobre o caso.

Fonte: BlogsFausto Macedo

segunda-feira, 20 de julho de 2015

Homens gays relatam drama de viver casamentos de fachada com mulheres


Invisíveis.
Quarta-feira, 15 de Julho de 2015
Décadas atrás, quando os gays da Grã-Bretanha e de outros países ocidentais tinham de enfrentar o ostracismo e viviam sob a ameaça de serem processados, muitos optaram por se casar e esconder sua sexualidade. Mas mesmo agora, com uma aceitação crescente, alguns continuam optando pelo mesmo caminho. Nick, que está na casa dos 50 anos, é casado com sua esposa há 30 anos. Ele é gay. Ele acha que sua mulher suspeitava há muitos anos de sua sexualidade, mas conta que tudo veio à tona quando ele teve um relacionamento com outro homem. "Ela (esposa) perguntou se eu queria deixá-la, mas eu não queria. Acima de tudo, ela é minha melhor amiga. Então decidimos que continuaríamos juntos como melhores amigos", diz.
Nick não é seu nome real – muitos amigos e parentes do casal não sabem que ele é gay e ele prefere se manter anônimo para proteger sua esposa. Ele conta que, desde o começo, o casamento não era completo, com muitas dúvidas sobre se eles haviam feito a coisa certa. Ele sempre teve dúvidas sobre sua orientação sexual, e isso se agravou com o tempo.
Tolerância
Como muitos outros homens nessa situação, Nick se viu vivendo uma vida dupla. Na superfície, ele era um homem em um casamento feliz. Mas ele também tinha o hábito de ver pornografia gay. E conta que há seis anos, acabou se relacionando com um amigo gay quando ambos ficaram bêbados. Nick conta que sua esposa ficou irritada e desapontada quando ela descobriu, e que, àquela altura, ele não tinha mais como negar que era gay. "Senti que era a oportunidade ideal para ser honesto e contar para ela sobre algo que ela já suspeitava. Então, concordamos que eu se eu não fizesse mais isso, não tocaríamos no assunto – e quando voltasse a acontecer, iríamos falar sobre isso." Nick admite que seria melhor para sua esposa se ele tivesse admitido antes que era gay. Ela lhe disse que estava desapontada porque ele não havia confiado nela. "Eu ainda me sinto totalmente grato a ela todos os dias por ela ser tão tolerante", conta.
John, que criou grupo de apoio a homens gays casados com mulheres: 'Não existimos no mundo gay, nem no mundo hétero, somos invisíveis.'John, que criou grupo de apoio a homens gays casados com mulheres: 'Não existimos no mundo gay, nem no mundo hétero, somos invisíveis.'
O casal optou por permanecer junto não por conta das crianças, já que eles não têm filhos, mas, sim, pelos sentimentos que nutrem um pelo outro. "Está tudo bem com a minha esposa. Tanto que ainda amamos um ao outro e ainda estamos juntos. Mas as coisas poderiam ter sido bem diferentes." Apesar de o casal continuar junto, eles agora dormem em quartos separados. Nick prometeu à mulher que ele não vai mais ter relações sexuais com outros homens – ele diz que deve isso a ela. Mas será que ele consegue manter sua promessa. "Espero que sim. Essa é minha intenção. Sinto como se não tivesse tido uma opção no passado, como se algo tivesse sido imposto a mim. Agora estou tomando a decisão que me parece acertada, que é manter o celibato."
Grupo de apoio
Nick participa de um grupo de apoio chamado Gay Married Men (Homens gays casados), que tem sede na cidade britânica de Manchester e foi fundado há 10 anos. Vários homens viajam de outras partes do país para participar das reuniões. O fundador do grupo, que prefere ser chamado apenas de John, conta que os homens são, em sua maioria, mais velhos, sendo que muitos casaram nos anos 70 e 80, quando a sociedade era mais hostil aos gays.
Mas por que então eles se casaram?
Nick conta que muitos dos participantes participam do grupo justamente para tentarem se entender. Andy, de 56 anos, dá seu depoimento: "Alguns achavam que estavam apenas passando por uma fase e que logo encontraria uma mulher que o transformaria em uma homem de verdade, como muita gente dizia." John, um professor de Manchester que foi casado por sete anos, diz que ele demorou para perceber que era gay. Ele sabia que sua sexualidade era ambígua, mas ele não tinha nem vocabulário para defini-la. "Eu não sabia como era um homem gay. Na verdade, eu sabia que os gays era afeminados. E eu não me sentia assim. Logo, eu não poderia ser gay, não é?"
'Não existimos no mundo gay porque somos casados'
Os membros do grupo estão em diferentes estágios. Alguns apenas suspeitam que sejam gays, enquanto outros vivem ou viveram com suas esposas, sendo que algumas delas já se casaram com outros homens. John agora é casado com um homem que é seu parceiro há 23 anos. Andy está se divorciando de sua mulher após 30 anos de casamento e quatro filhos. "Eu ainda a amo. Nós somos muitos próximos. Somos melhores amigos – o que pode soar estranho para alguns, mas temos quatro filhos juntos…" Mas muitos outros continuam casados seja por conta da expectativa de amigos e parentes ou porque eles têm filhos e não querem que a família se separe. Jonh diz que muitos homens se veem desesperados e sem nenhum apoio – muitos sofrem de depressão severa. "Já vimos muitos caírem no choro porque eles estavam decepcionados e agora estão aliviados por terem descoberto que há outros homens na mesma situação. Porque isso é parte do problema, nós somos um mito, não existimos", conta John. "Não existimos no mundo gay. Estamos no limite do mundo gay porque somos casados. E não existimos também no mundo hétero. Então, somos invisíveis." Os membros do grupo dizem que não julgam pessoas como Nick e que a mensagem principal é a de que esses homens não precisam passar por isso sozinhos. "Há pessoas que estão conseguindo lidar com sua sexualidade e sua família. Eles ainda se relacionam com os filhos, não foram cortados do relacionamento familiar", conta Nick. "Eu, definitivamente, estou mais feliz agora – ser honesto com a minha mulher me tirou um peso das costas.

Fonte: Mundomais

Familia é: HxM ou HxH também pode constituí-la É sobre isso que congressistas estão debatendo em Brasília




ESPECIAL

Para você, família é formada apenas pela união entre um homem e uma mulher? Ou casais gays também podem constituí-la? É sobre isso que congressistas estão debatendo em Brasília

A família brasileira corria perigo em 1977 – diziam setores religiosos e conservadores. Tramitava no Congresso Nacional um projeto de lei para autorizar o divórcio. Na visão de quem combatia essa proposta, permitir a dissolução do casamento era quase como decretar a dissolução da própria sociedade. “Não se machuca impunemente a espinha dorsal de uma nação”, alertava o cardeal Aloísio Lorscheider, presidente da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB). Para ele, a lei era “pecaminosa”, e o divórcio representava uma “peste”, passível de excomunhão.
Como se sabe, apesar dos discursos inflamados dos parlamentares católicos, que chegaram a pausar uma sessão porque era hora da ave-maria, o divórcio foi aprovado – e a família brasileira não acabou. Passados quase 40 anos, ela voltou a estar sob ameaça, segundo setores conservadores. A nova linha de trincheiras foi aberta no campo da união de pessoas do mesmo sexo.

Em 2011, o Supremo Tribunal Federal (STF) analisou se uma união homoafetiva deveria receber os mesmos direitos garantidos a um casamento tradicional. Estava em questão a interpretação do artigo 226 da Constituição, que identifica como entidade familiar “a união estável entre o homem e a mulher”. O ministro Carlos Ayres Brito argumentou que a família é anterior ao casamento e, por isso, mais abrangente que a união entre sexos opostos. Luiz Fux observou que “o homossexual não pode constituir família por força de duas questões abominadas por nossa Constituição: a intolerância e o preconceito”. O chamado casamento gay foi reconhecido por unanimidade. Em jogo, estavam dezenas de direitos como herança, pensão alimentícia, inclusão como dependente em plano de saúde e adoção.
Na sexta-feira, 26 de junho, em uma votação histórica, a Suprema Corte dos EUA tomou uma decisão semelhante: aprovou o casamento homossexual em todo o país.

No Brasil, o veredito de 2011 não encerrou a questão na sociedade. Outra vez, como em 1977, o cenário do confronto é o Congresso. No Senado, tramita o projeto do Estatuto das Famílias, apresentado pela senadora Lídice da Mata (PSB-BA), com 303 artigos que ampliam a definição legal de família e consideram o casamento uma união de pessoas de qualquer sexo. Na Câmara, corre o Estatuto da Família, proposto por Anderson Ferreira (PR-PE), da bancada evangélica. Seus 16 artigos trilham o caminho da restrição – família é “o núcleo social formado a partir da união entre um homem e uma mulher”. Esse tipo de família, heterossexual, teria uma série de direitos, como prioridade para atendimento médico e psicológico e também no Judiciário. A proposta estipula até a formação de um cadastro nacional de famílias, que excluiria as uniões homossexuais.
O projeto que limita a definição de família está inserido em um cenário mais amplo, ligado ao fortalecimento de grupos conservadores, em larga medida de fundo religioso. Recentemente, o relacionamento lésbico entre as personagens de Fernanda Montenegro e Nathalia Timberg, na novela Babilônia, provocou reações acaloradas e perdeu espaço na trama. Um comercial de Dia dos Namorados de O Boticário, que retratava um casal homossexual, levou a campanhas de boicote à marca. Houve barulho em comunidades cristãs porque uma transexual, para aludir as perseguições que sofre, desfilou “crucificada” na Parada Gay de São Paulo.


– Assistimos passivamente ao crescimento de uma perseguição por religiosos, marcada por uma espiral de intolerância que pode ser observada nas cotidianas agressões a quem ousa pensar diferente – comenta o juiz gaúcho e doutor em Antropologia Social Roberto Arriada Lorea.

O embate ganhou proeminência no parlamento, que consolidou sólida bancada religiosa na última eleição. Hoje, a Câmara é presidida por um líder evangélico, Eduardo Cunha, que admite ideias como o Dia do Orgulho Hétero, mas não a criminalização da homofobia. Os proponentes do Estatuto da Família lançaram enquete no site da Câmara: “Você concorda com a definição de família como núcleo formado a partir da união entre homem e mulher?”. Em um ano e meio, mais de 8 milhões de votos foram computados. Houve denúncias de que igrejas evangélicas estavam mobilizando votantes. Ainda assim, o resultado parcial ilustra o atual conflito em torno da definição de uma família no Brasil: 52,9% concordaram que família é homem com mulher. Mas 46,8% acham que não.
Para o professor do curso de Relações Internacionais da ESPM-RJ Valdemar Figueiredo Filho, pesquisador das relações entre política, religião e mídia, a radicalização é potencializada pela falta de diálogo:
– O que existe é gritaria de ambas as partes. O movimento gay não busca diálogo com movimentos religiosos moderados. O tempo todo, repercute o que esses grupos radicais religiosos fazem ou tentam fazer. Não enxergo debate, enxergo agressões.

Enquete no site da Câmara pergunta “Você concorda com a definição de família como núcleo formado a partir da união entre homem e mulher?”. O resultado: 52,9% concordam que família é homem com mulher. Mas 46,8% acham que não.
O conservadorismo com matiz religioso emerge após décadas em que se acumularam vitórias da laicidade, dos direitos humanos e das minorias. Depois de aprovar e de flexibilizar o divórcio, o país consagrou a união estável, concedeu direitos aos gays, permitiu o aborto de anencéfalos. Muitas dessas iniciativas vieram do Judiciário. Diante da paralisia de deputados e senadores, juízes começaram a se pronunciar onde não havia lei ou onde ela era omissa.
– O Legislativo é conservador. Nenhum projeto com conteúdo moral se aprova. Quem fez o Direito de Família avançar, acompanhando os costumes, foi o Judiciário – diz Rodrigo da Cunha Pereira, presidente do Instituto Brasileiro de Direito da Família, que critica o Estatuto da Família: – Se for aprovado, o casamento de milhares de homossexuais vai ser anulado? As crianças adotadas por eles vão voltar para o abrigo?
 

Anderson Ferreira:
“Meu projeto não é homofóbico”

Deputado Federal (PR-PE), autor do projeto de lei do Estatuto da Família, que exclui os gays em sua definição de entidade familiar


Por que definir família como a união entre homem e mulher?
Não criei um conceito novo: está na Constituição. Não fiz um projeto para excluir. Meu projeto não é homofóbico. Dizer isso é uma estratégia do movimento LGBT. É um único movimento que tenta pôr regra no país e faz uma campanha de desconstrução daquilo que pode trazer um benefício para a sociedade como um todo.

O senhor acredita que um casal homossexual não configura uma família?
Eles sempre se apegam a uma decisão no Supremo, na Justiça. Esses são direitos garantidos. Não estou entrando no mérito. Mas a decisão de um Supremo e da Justiça é a decisão de um colegiado. Onde existe a representatividade popular é na Câmara dos Deputados. O Supremo e a Justiça não foram escolhidos pelo voto popular. O que o estatuto vem fazer é abrir a discussão sobre essas decisões que saíram. Vem fazer com que a população participe dessa discussão.

Como o senhor vê o papel da Justiça?
A Justiça está sendo pautada por mídias, tanto televisivas como redes sociais. Esquecendo de escutar a população. Quis abordar assuntos polêmicos para ter visibilidade. Da forma como está hoje, estão legalizando tudo. Daqui a pouco vem a legalização das drogas, do aborto. É o momento de o parlamento se impor.

Se o estatuto for aprovado, como ficariam os direitos dos homossexuais?
O Estatuto da Família está acima dessa discussão. Ele vem trazer um benefício muito maior do que essa pequena discussão do movimento LGBT em torno de privilégios. Tem algo muito superior que é a questão do conjunto de políticas públicas para favorecer a Família brasileira. E ela não pode ser penalizada por um único movimento que se acha excluído. Que na realidade não está sendo excluído.

Mas os gays não seriam prejudicados?
Então quem tem de ser prejudicada é a população brasileira? Se eles se julgam prejudicados, mais prejudicada ainda está a população brasileira, que não tem políticas públicas para valorizar a família.


O Estatuto das Famílias, em tramitação no Senado, entende a família como união de pessoas, não necessariamente do mesmo sexo.
Sou totalmente contrário. Não faço perseguição, mas acho que a sociedade precisa de uma resposta urgente. Existe hoje uma investida na desestruturação familiar. Se qualquer arranjo for rotulado como família, daqui a pouco a gente vai legalizar também o poliamorismo, relacionamento com duas, três, quatro pessoas ao mesmo tempo, de sexos diferentes. Tenho meus posicionamentos ideológicos e cristãos, que norteiam o meu mandato. Vai vencer quem tiver a maioria.

“Existe hoje uma investida na desestruturação familiar. Se qualquer arranjo for rotulado como família, daqui a pouco a gente vai legalizar também o poliamorismo”


O senhor entende que essa é a posição dominante na sociedade?
Com certeza. A nossa é uma sociedade conservadora, composta de um povo cristão. O que a gente não pode é inverter os valores da nossa sociedade para dar privilégios a um grupo. O novo formato de Congresso, mais conservador, é um clamor da própria sociedade por ver tantas investidas desse movimento. Por isso elegeu parlamentares comprometidos com defesa de valores. Quem escolhe é a população.

Qual seria o prejuízo à sociedade de estender os mesmos direitos a gays?
Você abre um janela para a adoção mais na frente. A criança não faz a escolha na adoção. E é um comportamento (o dos gays) que você não sabe o dano psicológico que pode causar.

O senhor acredita em cura gay?
Fui relator de um projeto de lei que torna sem efeito uma resolução do Conselho de Psicologia, que criou uma ditadura gay. O homossexual que quiser pedir ajuda por causa do dano psíquico que (a homossexualidade) está causando a ele não pode, porque se o psicólogo for atendê-lo, pode ter a licença cassada. Com isso, você fere o direito do paciente de buscar ajuda e o direito do psicólogo de exercer a profissão.
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Lídice da Mata: “Hoje, o conceito de família é muito mais amplo e plural”

Senadora (PSB-BA), autora do projeto de lei do Estatuto das Famílias, que reconhece também os gays como entidade familiar
A tramitação do Estatuto das Famílias está enfrentando resistência de setores conservadores?
Mesmo com eventuais discordâncias à nossa proposta, não temos enfrentado no Senado, até o momento, resistências que interfiram na tramitação do projeto de lei que estabelece o Estatuto das Famílias. Propusemos audiências na Comissão de Direitos Humanos e Legislação Participativa justamente para permitir o debate e a troca de opiniões sobre o tema. No decorrer deste ano, poderemos amadurecer a matéria, com a participação dos diversos setores da sociedade.

O Estatuto não diferencia entre famílias heterossexuais e homossexuais. Por que a senhora acha isso importante? O que é uma família hoje?
O que nosso projeto prevê e propõe é justamente proteger todas as formas de convivência familiar existentes. Hoje, o conceito de família é muito mais amplo e plural. Temos, na sociedade, diversas estruturas familiares: pais ou mães separados ou viúvos criando seus filhos ou filhas, avós e avôs criando seus netos ou netas, tios e tias criando sobrinhos ou sobrinhas, irmãos cuidando de irmãos, uniões homoafetivas, casais hétero ou homossexuais adotando crianças que antes não tinham lar e famílias chefiadas e mantidas somente por mulheres, que são a maioria dos lares brasileiros. Ou seja, são inúmeras as possibilidades. O que propomos é garantir amparo legal e rapidez às decisões da Justiça quando as famílias, quaisquer que sejam, e por quaisquer motivos, assim precisarem.

Como a senhora vê a iniciativa do Estatuto da Família, em tramitação
na Câmara?

É importante esclarecer que nosso projeto, denominado Estatuto das Famílias, no plural, nada tem a ver com outro projeto, de nome parecido, que tramita na Câmara dos Deputados e que tem características completamente diferentes. Nossa proposta visa, principalmente, reunir num só instrumento legal toda a legislação e jurisprudência atualizada referente à área do Direito de Família, modernizando-a e garantindo a proteção de todas as estruturas familiares presentes na sociedade moderna.

“Hoje, mais do que nunca, é necessário adequar as normas jurídicas às novas formatações de família que ainda não são protegidas pela atual legislação"
Hoje, mais do que nunca, é necessário adequar as normas jurídicas às novas formatações de família que ainda não são protegidas pela atual legislação. Se não for assim, estaremos sempre a reboque das decisões do Judiciário, abrindo mão de nossas prerrogativas constitucionais de legislar. Não posso conceber e aceitar um projeto que restrinja o conceito de família como este que tramita na Câmara. Como já dito, as famílias hoje são plurais.
O Estatuto da Família da Câmara representa riscos para conquistas garantidas nos últimos anos?
O próprio Supremo Tribunal Federal reconheceu as uniões homoafetivas em 2011. A jurisprudência já tem sido favorável à questão das uniões homoafetivas em várias causas: pensões e benefícios por morte, adoções, entre outras. Restringir o conceito de família não é o caminho, porque as famílias da sociedade moderna se ampliaram.

As concepções de família presentes no Estatuto da Família e no Estatuto das Famílias refletem uma divisão ideológica na sociedade brasileira?
Não creio em divisão ideológica. Acredito que a proposição da Câmara esteja mais relacionada à defesa de uma corrente moral ou religiosa. Hoje, não se pode pontuar que existem mais ou menos famílias desse ou daquele modelo. O mundo mudou. A sociedade mudou. E o Estado e a lei têm de ser laicos. Há várias formas de convivência familiar e não se pode negar o direito das pessoas conviverem, com amor e afeto, nem negar-lhes o amparo jurídico quando necessário. É fato. É realidade. Não podemos, via lei, fomentar qualquer forma de discriminação e preconceito.
 

Um dos argumentos utilizados pelos parlamentares contrários ao reconhecimento de famílias formadas por gays é de que isso contraria a Constituição – que não prevê em seu texto esse arranjo.

– Defendemos o conceito de família nos termos da Constituição, que não prevê união entre dois homens ou duas mulheres. Os direitos individuais do cidadão devem ser preservados em relação a sua orientação sexual, mas isso não inclui casamento ou adoção – sustenta o pastor e deputado federal da bancada evangélica Ronaldo Nogueira (PTB-RS).
O juiz do Rio Grande do Sul e doutor em Antropologia Social Roberto Arriada Lorea não vê impedimento jurídico para a ampliação do conceito de família:
– O fato de a Constituição não admitir expressamente o casamento gay não significa sua proibição. Nosso arcabouço jurídico permite acolher o casamento entre pessoas do mesmo sexo. Para embasar essa conclusão, pode-se ler o artigo 3º da Constituição, que proíbe qualquer forma de discriminação.
Segundo Carlos Magno Fonseca, presidente da Associação Brasileira de Gays, Lésbicas, Travestis e Transexuais (ABGLT), a proposta do Estatuto da Família afronta os direitos humanos, os avanços na discussão sobre família e o próprio STF.
– Quando o Supremo, através da ministra Carmen Lúcia, decide que um casal gay pode adotar uma criança, isso mostra claramente qual é a posição do Judiciário. Não existe um modelo único, mas vários modelos de constituição de família. O Congresso está na contramão disso, porque na realidade está atuando através de suas concepções morais e religiosas. É tanta proposta absurda que daqui a pouco vão revogar a Lei Áurea – avalia Fonseca.
Evangélico durante 18 anos, oito deles como pastor, o militante gay Sergio Viula acredita que os projetos de lei da bancada religiosa fazem parte de “uma estratégia dos fundamentalistas” para neutralizar decisões do STF em favor dos homossexuais. A intenção seria explorar brechas na Constituição para criar leis que neguem direitos, empurrando o Judiciário para uma postura mais conservadora, na medida em que seria forçado a julgar de acordo com as novas legislações. Viula afirma:
– De 1988 para cá, o Congresso nunca aprovou uma lei que valorizasse as uniões civis entre homossexuais ou que desse aos gays uma posição um pouco mais segura na sociedade. Já que o Congresso era moroso e não existia legislação específica, o Judiciário criou reconhecimentos baseados em princípios gerais da Constituição. Mas os juízes não vão poder manter essas decisões se houver uma lei claramente oposta.
Viula fala a partir de uma experiência invulgar. Quando ele se converteu, na adolescência, achou que estava curado da homossexualidade, casou com uma mulher, teve filhos e até mesmo ajudou a fundar um movimento que promovia a “cura gay”, no qual atuou durante anos. Há pouco mais de uma década, saiu do armário, desfez o casamento e largou a igreja.
– Eu acreditava muito na cura gay – diz. – A Bíblia diz que “aquele que está em Cristo nova criatura é”, então eu me achava uma nova criatura. Eu poderia afirmar que já não era mais gay, mesmo que ainda me sentisse atraído por homem. Porque valia mais a verdade de Deus do que a minha.

AS DUAS PROPOSTAS

  • ESTATUTO DA FAMÍLIA
“Define-se entidade familiar como o núcleo social formado a partir da união entre um homem e uma mulher, por meio de casamento ou união estável, ou ainda por comunidade formada por qualquer dos pais e seus descendentes.”
“É obrigação do Estado, da sociedade e do Poder Público assegurar à entidade familiar a efetivação do direito à saúde, à alimentação, à educação, à cultura, ao esporte, ao lazer, ao trabalho, à cidadania e à convivência comunitária.”

“É assegurada a atenção integral à saúde dos membros da entidade familiar, por intermédio do SUS e do Programa de Saúde da Família.”

“É assegurada prioridade na tramitação dos processos e procedimentos e na execução dos atos e diligências judiciais, em qualquer instância, em que o interesse versado constitua risco à preservação e à sobrevivência da entidade familiar.”

“Os currículos do Ensino Fundamental e Médio devem ter em sua base nacional, como componente curricular obrigatório, a disciplina educação para família.”
  • ESTATUTO DAS FAMÍLIAS
“O direito à família é direito fundamental de todos. “
“O parentesco resulta da consanguinidade, da socioafetividade e da afinidade. “

“A pessoa casada, ou que viva em união estável, e que constitua relacionamento familiar paralelo com outra pessoa, é responsável pelos mesmos deveres referidos neste artigo, e, se for o caso, por danos materiais e morais. “

“É reconhecida como entidade familiar a união estável entre duas pessoas, configurada na convivência pública, contínua, duradoura e estabelecida com o objetivo de constituição de família. “
Em um recinto lotado, um capelão abre o culto lendo trechos da Bíblia. Após louvores, um cantor evangélico entoa a canção Minha Vida É do Meu Mestre e, ao final da cerimônia, um pastor evoca o Salmo 72: “Ele descerá como chuva sobre a erva ceifada, como os chuveiros que umedecem a terra”.
A cena não ocorreu em nenhum templo. Teve lugar no Congresso Nacional em 11 de fevereiro e contou com a presença do presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), e quase uma centena de parlamentares.

A bancada evangélica, que reúne os representantes mais ativos e organizados entre os políticos devotos, conseguiu eleger 78 deputados e três senadores na atual legislatura – um recorde.

A celebração ilustra como a bancada religiosa ganhou força e exposição por meio da eleição de um número inédito de deputados federais e senadores, da ocupação de cargos centrais na hierarquia da Casa e da organização para defender ou derrubar projetos sob inspiração das Sagradas Escrituras.
A bancada evangélica, que reúne os representantes mais ativos e organizados entre os políticos devotos, conseguiu eleger 78 deputados e três senadores na atual legislatura – um recorde – e, pela primeira vez, assumiu a presidência da Câmara. Robustecida, procura adequar a legislação brasileira a sua interpretação da Bíblia.
O pastor e deputado federal gaúcho Ronaldo Nogueira (PTB), representante da bancada, afirma que a ação dos parlamentares que trocaram os templos pelo Congresso não fere a laicidade do Estado.
– O caráter laico diz que o Estado não pode ter uma religião oficial, razão pela qual podemos dizer que o Brasil não é um Estado cristão. Mas não significa que princípios advindos do cristianismo não possam nortear leis. Também não se pode caracterizar o Estado como ateu – argumenta.
A doutora em Ciências da Comunicação Magali do Nascimento Cunha, professora da Universidade Metodista de São Paulo e especialista na área de mídia, religião e política, aponta que a bancada da Bíblia dá prioridade a temas morais como o combate ao aborto e aos direitos homossexuais, além de se aliar a setores não religiosos na defesa de pautas político-econômicas como a redução do Estado e o livre mercado. Mas a defesa da “família tradicional” se converteu em uma das principais estratégias para somar capital político.
– Esses personagens têm captado apoio para além do círculo religioso com o mote “é preciso salvar a família”. Na visão dessas lideranças, a família está sob ameaça dos movimentos civis por direitos sexuais e enfrentamento da violência sexual, reforçados por ações do governo federal – observa.

AS VANTAGENS DO RADICALISMO


A entrada dos evangélicos na política teve como grande marco a Assembleia Nacional Constituinte de 1987/1988. Até então, consideravam-se mandato e sacerdócio atividades incompatíveis.


– Eles achavam que política era coisa do diabo. Mas então surgiu a ideia de que, por serem um grupo minoritário, seriam prejudicados na formulação da nova Constituição. Resolveram formar uma representação para que seus direitos não fossem usurpados. O discurso era: os católicos nos perseguem e a Rede Globo nos persegue. Precisamos ter a nossa própria mídia e a nossa própria representação política. Esse discurso está aí até hoje – observa Valdemar Figueiredo Filho, professor do curso de Relações Internacionais da ESPM-RJ e pesquisador das relações entre política, religião e mídia.
O ex-pastor Sergio Viula, hoje militante dos direitos dos homossexuais, acompanhou esse momento como um integrante do mundo evangélico. Ele afirma que, antes, o sonho dos fiéis era eleger um presidente que compartilhasse sua fé, porque assim “o Brasil seria do senhor Jesus”.

– Essa era a ideia. Só que eles nunca tiveram maioria para eleger um presidente. Começaram a comer pelas beiradas: um vereador, um deputado, um deputado federal, um senador. E descobriram que na verdade quem manda no Brasil é o Legislativo. Porque o Legislativo é que vota orçamento, aprova as contas do governo e estabelece as leis que o próprio STF vai ter de usar. Perceberam que podiam fazer muito mais barulho e movimento no Legislativo – analisa Viula.

Valdemar observa que os grupos religiosos chegaram à Câmara como defensores de uma pauta de conservação de valores. Tomaram gosto e começaram a investir pesado. Continuaram empurrando uma pauta conservadora porque descobriram que isso rendia dividendos políticos:
– Já pensei que era uma questão de crença, mas hoje tenho convicção de que é uma questão de oportunismo. Radicalizar o discurso traz vantagens eleitorais e te coloca na mídia, te coloca em evidência. Gente que não teria importância no parlamento passa a ter, por conta disso. O político evangélico poderia dizer: eu não concordo com a prática homossexual, pela minha orientação religiosa, mas reconheço que outros não se pautam pelos meus valores. Portanto, devem ter os direitos reconhecidos. No entanto, é o discurso radical que torna esses agentes políticos fortes.
Nogueira nega radicalismo por parte da bancada religiosa, e atribui a frações do movimento gay “falta de respeito” com símbolos cristãos:
– No Brasil, nenhum cristão apedreja sinagoga. Não há radicalismo. Mas símbolos religiosos foram desrespeitados na marcha gay em São Paulo, por exemplo.
Reversão do desarmamentoUm projeto de lei prevê reverter o Estatuto do Desarmamento, aprovado em 2003 sob o princípio de dificultar o acesso a armas no Brasil. A nova proposta reduz a idade mínima para porte de 25 anos para 21 e elimina a comprovação da necessidade do uso.
Redução da maioridade penal – Uma das propostas mais polêmicas em tramitação no Congresso é a redução da maioridade penal dos atuais 18 anos para 16 nos casos de crimes graves, sob o argumento de reduzir a criminalidade. Para os detratores do projeto, a redução não diminuiria a violência e reduziria proteção aos adolescentes.
Reação à presença na mídia – Recentemente, a exibição de imagens de casais homossexuais na TV provocou ondas de protesto em todo o país. Cenas de lesbianismo entre as atrizes Nathalia Timberg e Fernanda Montenegro na novela Babilônia (Rede Globo) despertaram reclamações e perderam visibilidade. Uma propaganda de O Boticário mostrando casais gays motivou campanhas de boicote à marca.

Exclusão das aulas de gênero – Um ano após a aprovação do Plano Nacional de Educação, Estados e municípios também atualizam suas metas na área. Por pressão de igrejas, pelo menos oito Estados – incluindo o RS – tiraram dos seus planos regionais a previsão de referências a identidades de gênero, à diversidade e à orientação sexual nas escolas.
 

A discussão sobre quem tem direito de formar família no Brasil já provocou um efeito prático: gays começam a casar no âmbito civil com o objetivo de se antecipar a uma eventual mudança na legislação e dificultar a perda de direitos garantidos até o momento pela Justiça.
As lésbicas Ana Naiara Malavolta, 48 anos, e Mary Saupe, 62, por exemplo, decidiram se casar depois de um longo convívio. A cerimônia está marcada para 4 de agosto, data em que completam 30 anos de união, como resposta à tramitação do Estatuto da Família no Congresso – que, se aprovado nos termos atuais, impediria o casamento civil de pessoas do mesmo sexo.

– Achávamos que não precisávamos desse contrato social (casamento civil). Mas, agora, quando pretendem colocar na lei a possibilidade de casamento apenas entre homem e mulher, resolvemos casar para ajudar a criar empecilhos jurídicos à aplicação dessa lei, caso venha a ser aprovada. Vamos casar porque estamos com receio.
Ana, que faz parte da Marcha Mundial das Mulheres, e Mary, da Liga Brasileira de Lésbicas, respectivamente, defendem a formalização do maior número possível de casamentos gays neste momento para criar “situações de direito fático”, ou seja, situações práticas que contrariem uma possível lei restritiva. O movimento gay estima que existam pelo menos 3 mil casamentos formais entre homossexuais no país hoje.

Na eventualidade de o Congresso barrar famílias homoafetivas, Ana acredita que a situação dos casais registrados anteriormente ficaria indefinida.
– Seria criado um vácuo jurídico. A lei diria que uma situação não é juridicamente correta, mas já teríamos um grande número de casais formalizados – aponta Ana Malavolta.
 
Há no Brasil, hoje, 5,5 mil crianças e adolescentes à espera de adoção, embora o número de candidatos a receber um deles seja seis vezes maior. O problema é que a grande maioria dos candidatos a pai ou mãe estipula critérios para receber o novo integrante da família: 8,7 mil exigem que ele seja branco, 26 mil não admitem adotar irmãos, e somente pouco mais de mil cogitam receber alguém com mais de sete anos.

Em contrapartida, o cadastro do Conselho Nacional de Justiça (CNJ) mostra que cerca de 80% dos meninos e meninas à espera de um lar têm mais de sete anos. Uma das maiores esperanças para as crianças que não se adaptam ao perfil sonhado pela maioria dos pretendentes é a disposição de casais homossexuais em aceitar crianças mais velhas, de qualquer cor, com irmãos ou doença crônica.
Se o Estatuto da Família for aprovado nos termos em que está previsto, impediria futuras adoções por gays.
– Se homossexuais não puderem adotar, vai atrasar ainda mais a fila de espera. Pela nossa experiência, os gays são as pessoas mais abertas a qualquer perfil. Seria um retrocesso – avalia a presidente do Instituto Amigos de Lucas, Maria Rosi Marx Prigol.

Não há estatísticas confiáveis do número de gays que adotaram ou estão na fila, já que muitas vezes se apresentam como solteiros para evitar eventual preconceito. Mas a disposição de formar famílias é exemplificada por casos como o de Toni Reis, 51 anos, e seu marido David Harrad, 57, moradores do Paraná. Eles adotaram Alyson, de 14 anos, e depois o casal de irmãos Jéssica, 12, e Felipe, nove.
– Depois do Alyson, queríamos uma menina e encontramos a Jéssica em um abrigo. Mas o Felipe correu para o nosso lado e disse: eu também quero um pai – conta Reis, emocionado.
Mesmo com a família já formada, seguia correndo na Justiça um processo que discutia se Toni e David tinham o direito de adotar crianças como um casal homossexual. O STF deu parecer favorável a eles em março.
– O STF reconheceu que nós somos uma família. Isso mostra que família não é um conceito excludente – comemora Reis.
Na quinta-feira, Toni Reis, que também é ativista, voltou a defender seus direitos em um debate na Câmara com o pastor Silas Malafaia em que declarou apenas querer “cidadania”.
Moradores de Gravataí, Lucimar Quadros, 50 anos, e Rafael Gerhardt, 40, adotaram como filho João, cinco anos. De forma inédita, em 2012, Quadros conquistou uma “licença-maternidade” de quatro meses no INSS.
– Vivemos como uma família, somos uma família. Vamos ao cinema, ao teatro, nossos finais de semana são voltados para o João. Lei nenhuma vai conseguir mudar isso – conclui Quadros.
Textos: Marcelo Gonzatto e Itamar Melo | Edição: Greyce Vargas | Design: Edu Oliveira e Leandro Maciel | Fotografia: Jefferson Botega

Jean Wyllys diz que homofobia foi "cortina de fumaça" para corrupção de Eduardo Cunha


                        20/07/2015
Jean Wyllys diz que homofobia foi "cortina de fumaça" para corrupção de Eduardo Cunha
O cerco se fecha contra o presidente da Câmara Eduardo Cunha, considerado um dos políticos que mais lutam contra os direitos LGBT. O parlamentar do PMDB-RJ Jestá sendo investigado pela Operação Lava Jato e foi acusado de pedir propina de US$ 5 milhões.

+ Lei que multa por discriminação a LGB entra em vigor no Rio

O ex-consultor da Toyo Setal, Julio Camargo - que é um dos delatores do esquema de corrupção na Petrobrás - declarou que Cunha o pressionou a pagar US$ 10 milhões em propinas para que um contrato de navios-sonda da Petrobras fosse viabilizado.

O presidente da Câmara teria dito que era "merecedor" de US$ 5 milhões. "Tivemos um encontro. Deputado Eduardo Cunha, Fernando Soares (um dos presos da Lava Jato) e eu. Deputado Eduardo Cunha é conhecido como uma pessoa agressiva, mas confesso que comigo foi extremamente amistoso, dizendo que ele não tinha nada pessoal contra mim, mas que havia um débito meu com o Fernando do que ele era merecedor de US$ 5 milhões".

Julio Camargo declarou ainda que, como não tinha recurso para pagar a propina, Cunha o ameaçou com um requerimento na Câmara, solicitando que os contratos dos navios-sonda fossem enviados ao Ministério de Minas e Energias para avaliação e eventual remessa para oTribunal de Contas da União (TCU).

Das acusações, Cunha diz que Julio está sendo obrigado a mentir, acusa o Palácio do Planalto de ter se articulado para incriminá-lo. E declarou nesta sexta-feira (17) que rompeu parceria com o governo e diz que fará oposição. "O governo nunca me quis e não me quer como presidente da Câmara. O governo não me engole, tem um ódio contra mim. Tem um bando de aloprados no Planalto que vive desse tipo de circunstância, de criar constrangimento."

+ "Não contem com a publicidade para omitir a realidade", diz Conar

Vale lembrar que Cunha desengavetou o projeto de Dia do Orgulho Hétero, permitiu que a bancada evangélica invadisse uma sessão e rezasse e admitiu que os projetos referentes a criminalização da homofobia e transfobia dificilmente seriam aprovados com ele como presidente.

Para o deputado federal Jean Wyllys (PSOL-RJ), "o uso político da homofobia e da redução da maioridade penal como cortina de fumaça para ocultar as provas - que não são novas! - da participação de Eduardo Cunha em esquemas de corrupção investigados pela Operação Lava Jato, inclusive utilizando a Comissão de Fiscalização Financeira e Controle, através de seus apoiadores políticos, para pressionar operadores e empresas a retomar os repasses de dinheiro".

Fonte: Acapa

domingo, 7 de junho de 2015

Evangélicos fazem marcha contra homofobia na Parada Gay




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Um grupo de pastores e fiéis evangélicos marchou rumo à Parada Gay no domingo (7). Na avenida Paulista, começam a missão: converter o máximo de almas possíveis. Almas homofóbicas, no caso.
Para achá-los , viram se pontos brancos no mar de glitter colorido e tutus de bailarina no evento LGBT. É uma proposta de paz. Um anseio pela quebra desta corrente de ódio que se retroalimenta", diz José Barbosa Júnior, 44, teólogo da igreja Batista e autoproclamado "pastor marginal".
A caravana, batizada "Jesus Cura a Homofobia" para se contrapor à "cura gay", lançou um chamado no Facebook -até a noite de sexta (5), 420 pessoas aderiram a ela.
Casado há dois anos com Ellen, Júnior afirma que não é preciso estar "no armário" para "pedir perdão pela forma como a igreja trata os homossexuais". "O cristianismo sempre tem que estar a favor daquele que é oprimido", diz.
Nos cartazes que empunharão domingo, os dizeres "Malafaia e Feliciano não nos representam". A pregação contra direitos LGBT dos pastores Silas Malafaia e Marco Feliciano propagam, para Júnior, é o teto de vidro de sua fé.
A reação religiosa ao comercial da Boticário não foi a primeira pedra que o estilhaçou -mas foi decisiva, diz Danilo Fernandes, 48, dono do Genizah, um dos sites mais influentes entre evangélicos.
Ele critica o boicote à marca de cosméticos que divulgou uma campanha com casais do mesmo sexo se abraçando ao som de "Toda Forma de Amor", de Lulu Santos. O Genizah ilustra um artigo sobre o tema com uma imagem de Jesus e Judas em seu cangote. A legenda: "Hmm, cheiroso".
Cita Desmond Tutu, que lutou contra o apartheid na África do Sul, e Martin Luther King, líder dos direitos civis nos EUA, como evangélicos "que entenderam a separação entre Estado e igreja".
"Amar o próximo que é parecido com você é muito fácil.
Para Danilo, os fiéis devem lembrar que várias marcas apoiam a causa LGBT, "do Facebook ao McDonald's". E que boicotar perfume, além de hipocrisia, "é picuinha".
Após dezenas de reclamações de consumidores, o Conar (Conselho Nacional de Autorregulamentação Publicitária) abriu na terça (2) um processo ético para analisar o comercial. Uma mulher insatisfeita, por exemplo, disse que a Boticário pecava ao mostrar essas famílias "como se fosse normal". "Não tenho preconceito contra homossexuais, inclusive luto para que encontrem o caminho de Deus".
José Barbosa Júnior diz que líderes religiosos querem mandar um recado ao atacarem a empresa: o de que "evangélicos têm poder de barganha econômica. Se não fizeram o que mandamos, podemos mexer na economia".
DIZ A BÍBLIA
Cravar se a Bíblia condena homossexuais "talvez seja a mais polêmica das perguntas", diz Júnior. "Literalmente, sim, ela faz isso. Mas há teólogos que defendem uma outra interpretação bíblica, levando em conta contextos históricos, políticos e sociais."
Para Malafaia, 56, não dá para relativizar. Ele enumera passagens no Novo Testamento: "Coríntios" lacra o "reino de Deus" a "devassos, idólatras, adúlteros, efeminados e sodomitas"; "Romanos" fala de "homens com homens" que "receberam o castigo merecido por sua perversão".
Para o pastor, o quórum da caravana gospel pró-LGBT "não é nem 0,000001% dos milhões de evangélicos. Não representa porcaria nenhuma, tô dando gargalhada".
Malafaia compara: "Querida, imagina se alguém faz a Igreja das Prostitutas Católicas. Cada um pode inventar a igreja que quiser. Nem Jesus foi unânime. Nem todo mundo diz amém ao que eu falo"

domingo, 5 de abril de 2015

Hoje Reportagem sobre a homofobia no Brasil com Roberto Cabrini




Hoje Reportagem sobre a homofobia no Brasil,  Roberto Cabrini investiga os grupos radicais que pregam a violência, o ódio e a intolerância aos homossexuais.
Quem são eles e como agem?
Câmeras escondidas mostram como o preconceito aos gays resiste na sociedade brasileira
com Jean Wyllys
É hoje a noite!!!    depois do Silvio Santos
Divulgem e compartilhem com todos contatos e grupos.
Os rapazes e algums da sociedade precisam saber por que ainda existe essa discriminação que impede o namoro real de Homem X homem e Mulher X mulher.

http://www.sbt.com.br/conexaoreporter